segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Saudade

A dor da saudade
é diferente
é quando se sente
a falta de alguém
que está sempre presente
no coração da gente

Teus beijos

Peguei tantos beijos na saída
pra ver se guardava uns comigo
mas cheguei aqui e logo me fizeram falta
não sei se os perdi no caminho
ou se gastei muito rápido
fiquei só com a lembrança
e a vontade de mais...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Aqui, tanto tempo depois...

Tinha resolvido abandonar a escrita no blog, em virtude de não me sentir inspirado para produzir os textos como gostaria. Mas essa coisa de blog é estranha, um fenômeno de nossos tempos informáticos. Fica aqui, como um filho abandonado, e de vez em quando alguém diz: "vamos fazer um blog" o então "eu tenho um blog..." e a gente lembra do filho abandonado e fica com vontade de ir vê-lo, mexer nele, ver se alguém andou olhando e tal.
Por isso estou tentando um retorno. Voltei aos estudos também e o cérebro da gente parece que funciona em inércia. Se está devagar ou parado, demora a andar. Se está andando, começa a ganhar velocidade. As aulas me servem um pouco para isso, e no geral começo a pensar em fazer tantas coisas que no fim tenho que decidir ao que de fato vou me dedicar.
Então, quando eu tiver algo que julgue interessante, vou deixar por aqui. Fica armazenada em algum lugar e pode ser interessante para alguém. É desse jeito que vou chegando de volta ao filho, mais de um ano depois.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Ano Novo

O subtítulo do blog é parte de um texto do poeta português António José Forte (1931-1988), que está no livro "Uma faca nos dentes". Edição portuguesa, reeditado recentemente. Encontrei na web. Uma maravilha, vou ver se consigo o livro inteiro. Por enquanto, sigam com ele, entre a perversão e a utopia:
"Os profetas, os reformistas, os reaccionários, os progressistas arregalarão os olhos e em seguida hão-de fechá-los de vergonha. Fechá-los como têm feito sempre, afinal, e em seguida mergulharem nas suas profecias. Olharem para a parte inferior da própria cintura e em seguida fecharem os olhos de vergonha. Abandonarem-se desenfreadamente à carpintaria das suas tábuas de valores, brandirem-nas por cima das nossas cabeças como padrões para a vida, para a arte, para o amor e em seguida fecharem os olhos de vergonha às manifestações mais cruéis da vida, da arte e do amor."

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Primavera

E veio a primavera.
Agora só resta esperar o fim
Do inverno dos meus dias.
Aguardo um raio de sol...

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Quando o inverno terminar, em Porto Alegre

Quando o inverno terminar, eu vou sair de casa, vou passear,
Vou botar uma roupa legal, e caminhar ao sol.
Quando o inverno acabar, em Porto Alegre
Vou ao Gasômetro, à redenção e ao marinha.

Quando o inverno terminar, vou pra praia,
Dar a mão pro meu amor e caminhar,
à beira-mar.
Vou sentar num bar e tomar uma cerveja,
E olhar o céu, e esperar,
a noite chegar.

Se um dia o inverno terminar em Porto Alegre,
Vou cuidar de rever meus amigos.
E no dia que o inverno terminar vou esquecer das horas
E vou deixar a vida me levar.
Vou rasgar a madrugada com conversa fiada,
E não vou me arrepender no outro dia de ter dormido tão tarde.

Quando o inverno terminar, em Porto Alegre,
Vou subir os morros, vou colher as flores do campo
E vou jogar as pétalas ao vento da primavera.
Vou fazer planos para o futuro,
Vou viajar. E depois, cansado, vou sentar e esperar um novo dia.
E se sobrar um tempinho, vou querer escrever.
E se bobear eu crio um blog e escrevo todo dia...
Mas só depois que o inverno terminar, em Porto Alegre.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Amnésia

João acordou cedo e ficou deitado, pensando na vida. Pensava em muitas coisas que gostaria de fazer: ir à praia, viajar, tomar um café expresso com chantili, andar a cavalo... Só saiu da sua letargia quando a mulher lhe perguntou se por acaso não iria trabalhar naquele dia. João levou um susto, olhou para aquela mulher ao seu lado e se perguntou o que ela fazia ali. Em todo caso, algo lhe indicava que deveria fazer o que ela dizia, e então levantou, tomou um banho, trocou de roupa e foi trabalhar.
Pegou um ônibus e cada lugar por onde passava parecia novo. Em determinado momento, ele desceu e ficou um tempo parado, esperando decidir para onde ia. Naquela estranheza, seguiu seu instinto, caminhou uma quadra e meia e entrou em um prédio. Nos corredores, quando cruzava com alguém, recebia um "bom dia" que retornava com simpatia, embora em nenhum momento pudesse saber quem eram aquelas pessoas. Foi até uma sala e ocupou uma mesa com um computador.
Naquele dia, João ficou o tempo todo sentado na frente daquele computador e não fez nada. Às vezes acessava o menu de programas e iniciava alguma coisa, para ver se sabia o que fazer. Na verdade era isso, João não sabia o que tinha que fazer. Olhava em volta e achava tudo e todos estranhos. Começou a pensar que estava com algum problema. Pensou em perguntar para o chefe o que tinha que fazer, mas a verdade era que ele não sabia quem era o chefe, ou se ao menos tinha um. Esperou o dia todo que alguém lhe cobrasse algo, mas ninguém falou com ele, e nem sequer recebeu um telefonema.
A única vez que lhe dirigiram a palavra foi já no final da tarde, quando uma das pessoas que dividiam a sala com ele perguntou se ele iria ficar até mais tarde. João respondeu que não, e aproveitou que essa última pessoa estava saindo e saiu também.
Na rua, tudo parecia estranho, e João não sabia para onde deveria ir. Se deu conta então de que tudo na sua vida não existia mais, e não existia porque ele tinha esquecido. Pensou que talvez tivesse um celular e procurou nos bolsos. De fato tinha, e por um momento lhe pareceu plausível ligar e pedir ajuda para alguém. No entanto, não sabia quem eram aquelas pessoas cujo nome estavam na sua agenda, e foi aí que viu que seu telefone só serviria para alguma coisa se alguém ligasse.
Veio a noite e João não recebeu nenhuma ligação também. Resolveu ficar ali, na frente daquele lugar onde tinha passado o dia sem saber porquê, pois talvez pela manhã se desse conta de que tudo era um sonho, ou alguém poderia chegar e lhe perguntar o que estava acontecendo e quebrar esse estranho encantamento que estava vivendo. Pegou no sono e quando acordou já era dia de novo. Só que agora João não sabia mais quem era, embora tivesse consciência de que estava no mundo. João passou o dia todo no mesmo lugar, e ninguém lhe perguntou o que fazia ali, sentado na calçada, e ninguém ligou para aquele celular que ele tinha. Pensou que podia ligar para alguém, mas achou difícil porque não saberia dizer quem era nem o que queria. Mais uma vez veio a noite e ninguém lhe dirigiu uma palavra sequer. Então ele constatou que estava sozinho, e que na verdade não estava esquecendo de tudo. João não estava esquecendo de nada. Só que o mundo, de repente, esqueceu que João existia. Percebendo isso, ele se achou muito triste e teve vontade de chorar. E João tentou, se esforçou, mas não pôde lembrar como se chorava.